quarta-feira, 16 de julho de 2008

Nossa Senhora do Carmo

A palavra Carmelo significa "jardim", quando abreviada se diz "Carmo". O Monte Carmelo fica ao norte de Israel, situado na região da antiga Palestina, próximo a actual cidade de Haifa. Neste cenário bíblico, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta o solitário profeta Elias, em espírito de penitência. Defensor da fé de um só Deus verdadeiro, ele profetizou a futura existência da mulher pura, a Virgem Maria, Mãe de Deus.

Desde então, o Carmelo tornou-se local de retiro espiritual de muitos eremitas, que buscavam viver o modelo de perfeição monástica alcançada pelo profeta. No final do primeiro século depois de Cristo, chegaram primeiros eremitas cristãos, que ao lado da fonte de Elias construíram uma capela em honra à Virgem Maria. Em 1209, o superior da comunidade, Santo Brocardo recebeu a Regra de Santo Alberto, constituindo a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, reconhecida pela Santa Sé, em 1226.

A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte Carmelo, pois a Palestina vivia sob pressão cada vez maior dos muçulmanos, que acabaram por invadi-la. Eles estabeleceram-se no Chipre e na Sicília, na Inglaterra e França. Viviam pobres como os franciscanos e dominicanos, da Ordem dos Mendicantes, a qual não quiseram aderir. Surgiram então as rivalidades e a Ordem do Carmo começou a sofrer perseguições externas, as quais provocaram a desunião interna. A solução foi enviar à Roma dois representantes carmelitas para conseguir o apoio do Papa. Eles apresentaram a antiga Regra de Santo Alberto adaptada aos novos tempos da Igreja, mantendo o carisma original e obtiveram sua aprovação.

A Ordem do Carmo atravessou essa fase difícil até meados de 1251, quando tudo se estabilizou. Nessa época, na Inglaterra, no Carmelo de Cambridge residia o Superior Geral, o já idoso Simão Stock, hoje Santo venerado na Igreja. Ele rezava com ardor à Santa Mãe, rogando com confiança por seu auxílio, para a Ordem criada em sua honra. No dia 16 de julho de 1251, teve uma visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando sua proteção celeste. Como símbolo de sua união aos carmelitas, entregou à Stock o Escapulário do Carmo, prometendo a salvação e vida eterna à todos que o usassem com fé em Jesus Cristo.


O ESCAPULÁRIO, UM SINAL MARIANO

Um dos sinais da tradição da Igreja, há sete séculos, é o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.É um sinal aprovado pela igreja e aceite pela Ordem do Carmo como manifestação extrema de amor a Maria, de confiança filial nela e do compromisso de imitar a sua vida. A palavra "Escapulário" indica uma vestimenta que os monges usavam sobre o hábito religioso durante o trabalho manual. Com o tempo assumiu um significado simbólico: o de carregar a cruz de cada dia, como os discípulos e seguidores de Jesus. Em algumas Ordens religiosas, como no Carmo, o Escapulário tornou-se um sinal da sua identidade e vida. O Escapulário simbolizou o vínculo especial dos carmelitas com Maria a Mãe do Senhor, que exprime a confiança na sua materna protecção e o desejo de imitar a sua vida de doação a Cristo e aos outros. Transformou-se assim num sinal mariano.


O VALOR E O SIGNIFICADO DO ESCAPULÁRIO.

O Escapulário funda as suas raízes na tradição da Ordem, que o interpretou como sinal da protecção materna de Maria. Contém em si mesmo, a partir desta experiência plurissecular, um significado espiritual aprovado pela igreja:
representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromisso tem a sua origem no baptismo que nos transforma em filhos de Deus.

Por ele a Virgem Maria nos ensina a:

viver abertos a Deus e à sua vontade, manifestada nos acontecimentos da vida;

escutar a palavra de Deus na Bíblia e na vida, a crer nela e a pôr em prática as suas exigências;

orar em todo momento descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;

viver próximos aos nossos Irmãos na necessidade e a solidarizar-se com eles.

introduz na fraternidade do Carmelo, comunidade de religiosos e religiosas, presentes na igreja há mais de oito séculos, e compromete a viver o ideal desta família religiosa: a amizade íntima com Deus através da oração.

põe-nos diante do exemplo das santas e dos santos com os quais estabeleceu uma relação familiar de Irmãos e irmãs.

Exprime a fé no encontro com Deus na vida eterna pela intercessão de Maria e sua protecção.



NORMAS PRÁTICAS:

O Escapulário é imposto só uma vez por um sacerdote ou uma pessoa autorizada.
Pode ser substituído por uma medalha que represente de uma parte a imagem do Sagrado Coração de Jesus e da outra, a Virgem Maria.
O Escapulário compromete com uma vida autêntica de cristãos que se conformam às exigências evangélicas, recebem os sacramentos, professam uma especial devoção à Santíssima Virgem, expressa ao menos com a recitação diária de três Avé Marias.


O ESCAPULÁRIO DO CARMO NÃO É:

Um sinal de protecção mágica, um amuleto;

Uma garantia automática de salvação;

Uma dispensa de viver as exigências da vida cristã.


É UM SINAL:

Aprovado pela igreja há sete séculos;

Que representa o compromisso de seguir Jesus como Maria:

abertos a Deus e à sua vontade;
guiados pela fé, pela esperança e pelo amor;
próximos dos necessitados;
orando em todos os momentos e descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
que introduz na família do Carmelo;
que alimenta a esperança do encontro com Deus na vida eterna pela protecção de Maria e sua intercessão.

Fonte: http://www.paulinas.org.br/

http://www.ordem-do-carmo.pt

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