domingo, 30 de setembro de 2007

Invoca Maria!

Oh! tu, quem quer que sejas, que te vês mais flutuar à mercê das ondas neste mundo em tempestade do que a andar sobre a terra, não tires os olhos do fulgor dessa estrela, se não queres ser submergido pelas tempestades. Se se levantarem os ventos das tentações, se topares nos escolhos das tribulações, olha para a estrela, invoca Maria! Se fores arremessado pelas ondas da soberba, da ambição, da murmuração e da inveja: olha para a estrela, invoca Maria! Se a ira, a avareza ou as atracções da carne sacudirem a pequena barca da tua alma: olha para Maria! Se, perturbado pela enormidade do pecado, cheio de confusão pela fealdade da consciência, cheio de medo pelo horror do juízo, começares a ser devorado pelos abismos da tristeza e do desespero: pensa em Maria! Nos perigos, nas aflições, nas incertezas, pensa em Maria, invoca Maria! Que ela não se afaste da tua boca nem do teu coração; e para obter o auxílio da sua oração, nunca deixes o exemplo da Sua vida. Se A segues, não te podes perder; se A invocas, não podes desesperar; se pensas n'Ela, não te podes enganar. Se Ela te ampara, não cais; se te protege, não tens que temer; se te guia, não te cansas, se te é propícia, chegas ao fim...

São Bernardo, Homilia Super missus est

sábado, 29 de setembro de 2007

Oração do humilde

Inclinai, Senhor, os Vossos ouvidos, respondei-me porque sou pobre e humilde.
Guardai a minha alma, porque sou Vosso amigo, salvai o Vosso servo que em Vós confia.
Tende piedade de mim, Senhor, porque Vos invoco todo o dia.
Dai alegria de espírito ao Vosso servo porque para Vós, Senhor, elevo a minha alma.
Vós sois bom, ó Senhor, e indulgente, cheio de misericórdia para todos os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração, prestai atenção aos gemidos da minha súplica.
No dia da minha angústia eu Vos invoco, estou certo que me respondereis.
Não há, entre os deuses, quem se Vos compare, ó Senhor, nem existe obra semelhante à Vossa.
Todas as nações que criaste virão colocar-se perante Vós, ó Senhor, e darão glória ao Vosso nome.
Quão grande sois Vós e que maravilhas operais, só Vós sois Deus!
Ensina-me, Senhor, o Vosso caminho e caminharei na verdade, dirigi o meu coração para que tema o Vosso nome.
Agradeço-Vos, Senhor meu Deus, de todo o meu coração, e glorificarei o Vosso nome eternamente.
Porque a Vossa misericórdia foi grande para comigo, livraste-me a vida das profundidades da morte.
Ó Deus, os soberbos levantam-se contra mim, uma turba de prepotentes atenta contra a minha vida, sem que Vos tenham presente.
Mas Vós, ó Senhor, sois o Deus piedoso e compassivo, paciente, grande na bondade e fidelidade.
Voltai-Vos para mim e tende compaixão, concedei a Vossa força ao Vosso servo, e ao filho da Vossa serva, o Vosso socorro.
Dai-me um sinal do Vosso favor, para que os meus inimigos sejam confundidos, pois, Vós, Senhor, sois a minha ajuda e o meu consolo.


Oração de David
Salmo 86

domingo, 16 de setembro de 2007

Lembrai-Vos

Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa protecção,
implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo.

Amen.

"Lembrai-vos" - Oração de S. Bernardo a Nossa Senhora

domingo, 2 de setembro de 2007

Lembrar-Vos-eis de mim?

Dizei-me, Senhora, dizei-me:
Quando eu partir desta terra,
Lembrar-Vos-ei de mim?

Quando forem divulgados
Meus tempos no mal gastos
E todos os pecados
Que eu, mesquinho, cometi,
Lembrar-Vos-eis de mim?

Quando o momento chegar
Do juízo de aterrar.
Remédio espero alcançar
De vossos doces rogos:
Lembrar-Vos-eis de mim?

Quando estiver na afronta
De prestar rigorosa conta
Dos muitos bens que de Vós
E de vosso Filho recebi,
Lembrar-Vos-eis de mim?

Quando minha alma aterrada,
Temendo ser condenada
Por se ver muito culpada,
Tiver mil queixas de si,
Lembrar-Vos-eis de mim?

Dizei-me, Senhora, dizei-me:
Quando eu partir desta terra,
Lembrar-Vos-eis de mim?

( Tradução do poema "Dime, Señora" de Juan Álvarez Gato, 1445-1510)